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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Refúgio Meditativo



Jardins são essencialmente refúgios meditativos, onde podemos estabelecer sintonia com a Unidade Cósmica através da contemplação da Natureza (leia mais sobre o jardim como um espaço sagrado aqui). Nesse santuário particular, podemos nos recuperar do estresse da vida moderna através da meditação. 

Quando planejamos um espaço meditativo, devemos ter em mente que quanto mais simples o layout, melhor. É preciso evitar distrações para que a mente possa se manter serena e focada. A simplicidade é a chave para um resultado elegante e tranquilo - simplifique até que não seja mais possível retirar nenhum elemento de seu projeto.

Já discutimos sobre o efeito das cores em nossos corpos e mentes. Como o objetivo é manter a mente relaxada, evite o uso de cores contrastantes e dê preferência a cores frias e calmantes - tais como roxo, azul e verde - destaque para o roxo, que é uma excelente cor para ambientes meditativos.


Assim que você encontrar um ponto energético equilibrado e decidir lá localizar seu espaço de meditação, é muito importante que você ofereça proteção solar e um apoio onde possa se sentar confortavelmente. Para facilitar o processo de relaxamento, certifique-se de que esse local não esteja muito exposto e que ofereça proteção psicológica de confinamento e privacidade. 

Posicione a sua frente um ponto focal de sua escolha - uma estátua, uma mandala, uma fonte, uma planta, uma pedra, etc - para onde possa direcionar sua atenção e se desligar do entorno.

Um local protegido e confortável e um ponto focal são os dois elementos básicos em um jardim meditativo - a partir desse conceito, use sua criatividade na combinação de texturas, formas e cores e modele seu jardim de acordo com sua própria vontade, expressando livremente seus gostos e preferências. 

O Jardim Zen

É impossível falar de jardins meditativos sem mencionar os jardins Zen japoneses - tratam-se de jardins minimalistas compostos basicamente de areia, pedras e plantas. Variedade de cores e espécies vegetais não é prioridade neste estilo paisagístico, mas sim o contraste nas texturas e formas.


Profundamente simbólicos, os jardins Zen conceitualizam a visão do Universo representando a Natureza como um todo em um espaço confinado. Assim, o próprio processo de execução torna-se uma atividade meditativa.

Os zen budistas acreditam que a felicidade só pode ser alcançada com o equilíbrio dos pólos opostos e complementares Yin & Yang. Cada elemento do jardim - assim como tudo no Universo - possui qualidade predominante Yin ou Yang e um jardim auspicioso oferece equilibrio entre essas duas forças. Yin representa os aspectos: negativo, feminino, escuro, frio e passivo; enquanto Yang representa os aspectos: positivo, masculino, claro, quente e ativo. 

Água é considerada Yin e Terra considerada Yang - a areia, na realidade, simboliza água; enquanto as pedras representam montanhas e ilhas, terra. A arte consiste na combinação harmoniosa entre esses dois elementos na criação da paisagem a ser contemplada. 

  

sábado, 4 de maio de 2013

Cuide de seu Jardim Interior



Os textos esotéricos fazem uso de metáforas a fim de evitar acionar o potencial das palavras de poder - potencial este que pode ser tanto construtivo quanto destrutivo.

O leitor atento já deve ter percebido que este não se trata de um blog de paisagismo tradicional - plantas e jardinagem são um delicioso pretexto para a exposição de assuntos que muitas vezes são amargos e indigestos ao primeiro contato. Faço o uso da metáfora para tornar os textos mais didáticos e facilitar a assimilação das informações. 

Muitas vezes estou literalmente me referindo ao jardim como um espaço físico. Levando em consideração o princípio da correspondência, o que ocorre no exterior é reflexo do que acontece no interior. Portanto, quando incentivo o leitor a cuidar de seu jardim exterior, o jardim interior é consequentemente beneficiado e assim atinjo meu objetivo como semeadora de palavras de Amor.


A seguir, considero três itens indispensáveis tanto no seu jardim simbólico quanto no literal:

SEMENTE

As palavras são poderosas, grande poder está atribuído a elas. Veja as palavras como sementes, como vida em estado latente.

A verbalização de uma idéia é o primeiro passo para sua realização. Até o momento de sua expressão através das palavras, a idéia se mantinha timidamente presa no nível mental - e que, antes disso, pertencia ao nível espiritual e nem sequer era percebida pela consciência. Até que a consciência interfira e a expresse através das palavras, a idéia se mantém perdida no oceano primordial das possibilidades infinitas.


A doutrina tântrica define o movimento dos lábios durante a pronúncia de um mantra como a cópula de Shiva e Shakti. Da união das divindades surge um embrião, que deve ser alimentado em uma espécie de gestação ainda durante a meditação e que depois se manifestará no plano físico.

O hebraico e o sânscrito são consideradas línguas vibracionais. A vibração das palavras, quando verbalizadas, se elevam para o Universo e retornam como manifestações físicas. O hebraico é uma língua consonantal porque são justamente nas vogais que moram o verdadeiro poder - privando as palavras das vogais, não há profanação dessa ferramenta sagrada.

O poder da palavra mora na sua intenção, assim como o poder da semente mora no embrião. Quando você semeia palavras/sementes há a possibilidade de que elas germinem quando as condições forem favoráveis - tanto na terra quanto no coração.

Convido o leitor a refletir sobre sua própria colheita no post Equinócio de Outono.

ÁGUA

Quando você rega suas plantas, está oferecendo a elas alimento - e alimento nada mais é do que fonte de energia vital. Em paralelo, quando você respira, você está também disponibilizando energia vital para que seu corpo funcione adequadamente.

Conhecido como Ch'i na cultura chinesa ou Prana na hindu, a energia vital, energia cósmica - ou como quer que a queira chamar - é uma forma invisível de energia que dá alento à vida. Ela penetra em nosso organismo através dos alimentos vivos, da luz do Sol, mas, principalmente, pelo ar através da respiração.


Sua distribuição devida está diretamente relacionada com a saúde, a inteligência e sensibilidade. Para ter certeza de que a energia está sendo absorvida corretamente, tente manter lento e profundo o ritmo de sua respiração, direcionando o ar até o abdômen. Imagine o ar entrando carregado de Prana, retenha a energia no seu plexo solar e imagine o ar saindo de suas narinas completamente descarregado. 

Para manter-se equilibrado, inspire a mesma quantidade de ar que expira. Para se acalmar, expire por um tempo mais longo que a inspiração. Para provocar um estado de alerta, inspire por um tempo mais longo que a expiração. 

ADUBO

É preciso saber nutrir seu jardim. E é surpreendente como o que consideramos inferior, errado, sujo, vergonhoso - como o excremento - pode contribuir para a prosperidade.

Reprimir qualquer aspecto de si mesmo considerado negativo - assim como não adubar suas plantas - trará resultados catastróficos para a saúde de seu jardim. Lembre-se de que dois pólos opostos são idênticos em natureza, o que os distancia é apenas o grau. Portanto, Bom e Ruim, Certo e Errado, Deus e Diabo, Luz e Trevas são a mesma coisa em essência, porém, em pontos extremos - e a saúde mora no equilíbrio. Admitindo a importância de um na mesma proporção que se admite a importância do outro, você alcança a harmonia ideal.


"A generosidade do solo pega nosso composto e transforma em beleza. Tente ser mais como o solo."
 Rumi

Em uma meditação, foi-me dito que "quando alimento meu Deus interior com Amor, seu aspecto positivo se manifesta. Mas quando alimento meu Deus interior com Medo, seu aspecto negativo é que se manifesta". Ficou claro para mim com essa frase que tenho TOTAL controle sobre qual aspecto de Deus manifesto em mim mesma. Podemos (aliás, devemos) honrar e expressar os sentimentos considerados negativos - não se deixar dominar por eles é uma escolha sua.

Adoro a colocação da Dra. Clarissa Pinkola - quando a raiva chega, devemos convidá-la a se sentar, oferecer-lhe uma xícara de chá e perguntar o motivo de sua visita. Uma vez que o 'motivo de sua visita' é descoberto, somos então capazes de transmutar esse sentimento destrutivo em Luz.

Reflita sobre a lição da lótus, símbolo da pureza e iluminação espiritual - ela se eleva acima das águas sujas lodosas para desabrochar e revelar suas pétalas imaculadas.


sábado, 16 de março de 2013

Simbolismo - Labirinto, Mandala & Jardim de Nó




LABIRINTOS 

A menção mais antiga ao labirinto foi encontrada esculpida nas paredes de cavernas da Sardínia e acredita-se que tenham sido feitas há mais de 4 000 anos.

Labirinto Hopi 
Os labirintos em sua forma mais antiga possuiam sete anéis na espiral, mas a  cultura cristã introduziu o modelo de onze anéis, representando os onze verdadeiros apóstolos.

Seu representante mais famoso é provavelmente o de Cnossos, Creta. Segundo a mitologia grega, foi construído por Dédalo para abrigar o terrível Minotauro, ser metade homem e metade touro. Mas há evidências de labirintos em todo o mundo - como os de Nazca no Peru, da Ilha de Wier na Finlândia, da tribo Hopi nos Estados Unidos - como mostra a imagem ao lado, que impressiona em sua semelhança com uma impressão digital!

O conceito do labirinto aplicado no jardim foi desenvolvido na França e Itália junto com os parterres e ganharam popularidade na Inglaterra na mesma época que os Jardins de Nó.

Em inglês, duas palavras são usadas para descrevê-lo: o "Maze" é um labirinto onde a intenção é chegar ao centro, porém, seu caminho multicursal confunde e desorienta. O "Labyrinth" é uma forma regular - geralmente uma variação da espiral - que segue um só curso e o usuário chega ao centro simplesmente seguindo o caminho.

Labirinto Espiral Passo-a-Passo:

Música: 'When Sailors Die', Aidan Baker

O labirinto se tornou símbolo da tortuosa jornada da vida, da jornada da alma da escuridão em direção à luz ou ainda das distrações e tentações mundanas que impedem a alma de seguir seu curso em busca da verdade e do conhecimento. O labirinto é a Ordem a partir do Caos - um padrão organizado de comportamento dentro de um sistema aparentemente aleatório. Se desenrolarmos um labirinto, ele não é nada mais do que um caminho em linha reta.


É uma poderosa ferramenta meditativa para aquele que percorre seu caminho, acalmando e equilibrando a psíque, assim como a Mandala.

Adota o simbolismo da combinação do círculo com a espiral - a totalidade, a inclusão com a transformação, o transcendental. No jardim, pode ser feito tanto de cercas vivas altas e densas quanto grama a nível do chão.

"Você está andando no labirinto da vida. Sim, você está destinado a se mover para frente, mas quase nunca em linha reta. Sim, há um elemento de conquista, de início e término, mas que são pequenos em comparação com o elemento do presente, do estar aqui, agora. Nos momentos em que você parar de tentar conquistar o labirinto da vida e simplesmente habitá-lo, você vai perceber que ele foi projetado para mantê-lo seguro mesmo quando explora uma parte que parece perigosa. Você vai ver que está exatamente onde deveria estar, serpenteando por um caminho espiral que pretende levá-lo não para a frente, mas para dentro." - Martha Beck

MANDALAS 

Mandalas são utilizadas como ferramenta de meditação e contemplação. Consistem em uma série de formas geométricas repetidas, direcionando o olhar (e a mente) para seu centro, que simboliza o centro do Universo. Aliás, o motivo concêntrico é característico da experiência visionária - somos induzidos a seguir em direção a um centro, como quem atravessa um túnel, deixando a realidade ordinária para ingressar na realidade extraordinária.

As autênticas mandalas orientais chamam-se Yantras. Nelas se utilizam apenas as formas geométricas básicas - triângulo, círculo e quadrado - desprovida de qualquer representação iconográfica.

Mandalas parecem complexas, mas são na realidade muito simples de fazer. Desligue sua mente e deixe que o coração guie suas mãos:

Mandala Passo-a-Passo

Se você estiver se sentindo inseguro para começar, apresento a seguir instruções para a elaboração de sua própria mandala e um vídeo para ser usado de exemplo. Mas lembre-se de que se trata de uma atividade espontânea, intuitiva e criativa - portanto, não há regras!

Música: 'Micro Cosmos', Kitaro

1º Passo) Recomendo que utilize um papel quadrado ao invés de um retangular para ficar mais fácil de seguir a simetria. O tamanho do papel não importa, pode ser tão grande ou tão pequeno quanto quiser. Marque um ponto bem no centro da folha, está será sua semente, a partir da qual sua mandala irá crescer. 

2º Passo) Usando um compasso, faça um círculo não muito distante do centro. Faça outros círculos de circunferência maior, eles podem ser equidistantes se preferir. Esses círculos serão os limites das "camadas" da sua mandala; 

3º Passo) Divida esse círculo em quantas partes quiser (três, quatro, cinco, seis...). Essas linhas irão apenas lhe auxiliar conforme for desenhando e serão apagadas depois, então faça-as bem de leve. No vídeo, minha mandala foi dividida em quatro partes;

4º Passo) Agora você pode começar a introduzir as formas. Use canetas coloridas, lápis, giz de cera, o que quiser. Você pode se prender às formas básicas ou introduzir outras formas, como gotas, estrelas, espirais, pétalas, etc. O segredo é repetir a forma em cada segmento - faça-as com calma, para que fiquem bem idênticas. Se achar necessário, use mais linhas auxiliares. 

5º Passo) Siga adiante com calma. Uma dica importante é: vire a folha conforme for compondo os segmentos. Se estiver fazendo uma mandala fixa no chão, mova-se ao redor dela. Aplique cores se desejar. E está pronta!

A mandala apresentada virou objeto decorativo - usei tinta acrílica sobre MDF 

Podem ser introduzidas no jardim como elemento permanente ou temporário - em forma de canteiro de flores, canteiro de ervas, horta ou feita de mosaico, pintura, vitral, areia colorida, pedras coloridas, cristais, espelhos, conchas - use sua imaginação!

JARDIM DE NÓ INGLÊS

No final do século XV, a influência dos jardins italianos renascentistas começaram a se espalhar, especialmente na França. A implantação de canteiros geométricos imensos foi aperfeiçoado pelos franceses - que fizeram uso de intrincados geométricos mais complexos - e chamado de "parterre". 

Orangerie - Château de Versailles

A moda dos parterres chegaram na Inglaterra nos séculos XVI e XVII, que por sua vez, re-inventaram os padrões implantando os nós tradicionais da cultura celta. Com influência dos jardins medievais, os jardins de nó eram menores e a combinação da borda retangular com o nó celta significa a celebração da humanidade, tema muito comum no jardim medieval. 

Os nós celtas originais representavam o infinito, o ritmo cíclico da vida. Aplicados nos jardins do século XVI, significava o tortuoso caminho que os cristãos devem percorrer para encontrar a Salvação. Mas os nós também possuiam significado romântico, representando a união matrimonial, onde a inicial dos amantes entrelaçados pelo nó compunha o design do jardim. 


Eram geralmente locados a vista da janela dos quartos de hóspedes das grandes mansões, afim de serem apreciados de cima. É basicamente composto de arbustos formalmente podados e seu interior preenchido com areia ou seixos, podendo ou não conter flores ou topiárias, dependendo da altura dos arbustos (que geralmente não passavam de 60cm) e do tamanho do jardim. 


O buxinho (Buxus sempervirens) era a espécie mais utilizada. A combinação de duas espécies também era comum para contraste e efeito tridimensional - a Santolina (Santolina chamaecyparissus) também era muito utilizada, assim como a Lavanda (Lavandula angustifolia) e o Alecrim (Rosmarinus officinalis). 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Simbolismo - Formas Geométricas Básicas


As formas básicas servem para conceitualizarmos uma idéia complexa de maneira simples e efetiva. O simbolismo aplicado no jardim influencia os usuários inconscientemente e passa uma mensagem silenciosa que não poderia ser racionalizada. 

A geometria é a linguagem básica do designer, esta linguagem que é atemporal e universal. Aplicado no jardim, essa mensagem é complementada pelas demais escolhas - plantas, materiais, texturas, cores. Um jardim deve ter um significado, uma história para contar. O designer deve, acima de tudo, ter claro em sua mente a mensagem que gostaria de enviar e utilizar de diversos recursos para deixar claro suas intenções - esse é o jardim conceitual. 

Quando enxergamos o mundo através das formas geométricas básicas, nosso mundo se simplifica e o entendimento se torna natural e intuitivo. Manter a simplicidade - a eliminação do supérfluo - é a lição mais importante quando se projeta um jardim.

CÍRCULO
  • Inclusão;
  • Totalidade; 
  • Unidade; 
  • Ciclo; 
  • Foco; 
  • Perfeição; 
  • Útero; 
  • Infinito; 
  • Realização. 

O Universo fala a linguagem universal da geometria e o círculo é sem dúvida o forma básica mais aplicada na Natureza. Desde os grandes astros do macrocosmo - a Lua, o Sol, os planetas, as estrelas, etc - desde os componentes do microcosmo - células, átomos elétrons, etc - são representados pela forma circular. Assim entendemos seu significado mais importante - unidade cósmica.



Por representar o Todo, o círculo é o símbolo divino. É uma forma muito eficiente se a intenção é trazer proteção para um local específico. Ele representa os ciclos constantes da Natureza - o intangível processo do tempo - a perfeição, o movimento, a vida, a evolução espiritual. 

Na arte esotérica dos alquimistas, o círculo é frequentemente usado como ponto de foco - seu contorno traz atenção para o centro. Portanto, aplicando um elemento focal no centro de um círculo é uma eficaz maneira de não apenas trazer a atenção do espectador para o objeto, mas potencializar sua presença e energia. 

No Feng Shui, é o símbolo que representa o elemento metal, a cor branca (pois inclui todas as cores em seu espectro) e a estação do Outono (momento de reflexão e transição). Atrai bênção divina e induz a introspecção. Essa forma é muito auspiciosa se estiver relacionada com água (em forma de fontes, lagos, aquários), principalmente na parte Norte do jardim. 

O círculo traz o usuário para dentro do jardim. É uma forma convidativa, maternal, não-julgamental e acolhedora.

Jardim da Casa Mateus, Vila Real, Portugal


QUADRADO
  • Estabilidade; 
  • Estrutura; 
  • Fundação; 
  • Direção; 
  • Integridade; 
  • Planejamento; 
  • Equilíbrio; 
  • Ordem; 
  • Pragmatismo. 

Muito utilizada em jardins que querem demonstrar a influência humana sobre a Natureza. Não necessariamente de maneira negativa - o jardim é de fato o resultado da intervenção humana, a utilização dessa forma geométrica demonstra pragmatismo e de certa forma a despretenção em reproduzir formas naturais.


O quatro é um número de grande importância na cultura islâmica e frequentemente aplicada no design de seus jardins, tanto em formas de cruzes como de quadrados. Cada um dos quatro cantos do quadrado representa o Angélico, o Diabólico, o Humano e o Divino - na utilização dessa forma, alcançamos o equilíbrio através das dualidades, dos opostos complementares. 


O número quatro representa a ordem estrutural natural do Universo. 

  • As quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno; 
  • Os pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste; 
  • Os quatro elementos fundamentais: Fogo, Água, Ar e Terra. 

As quatro linhas retas que compôem o quadrado validam seu significado - é uma forma estática, sólida, imutável, muito relacionada com o físico e com o material. É para os chineses o símbolo que representa a Terra em oposição ao círculo, que representa o Divino. 

No Feng Shui é um símbolo muito versátil pois facilita a aplicação do Pa Kua. Representa o elemento terra, a cor amarela e todas as estações do ano. Induz a extroversão. Uma combinação muito auspiciosa é o quadrado com o fogo - que pode ser usado literalmente no jardim (em forma de tochas, velas) ou representado simbolicamente por luminárias. 

Quadrados aplicados no jardim nos dão estabilidade e proteção. Seja cauteloso em seu uso pois se for muito predominante pode servir como âncora espiritual, ligando-o demais ao mundo físico - a não ser que seja essa a sua intenção.

Espaço público por Cigler Marani Architects, Praga


TRIÂNGULO
  • Iluminação; 
  • Misticismo; 
  • Subjetividade; 
  • Mistério; 
  • Gênero; 
  • Manifestação; 
  • Criatividade/ Criação; 
  • Proporção; 
  • Integração. 

Nenhuma das outras formas geométricas básicas oferece essa duplicidade tão própria que é do triângulo: quando invertido, seu significado assume o significado oposto, o que não acontece com os demais. Essa versatilidade traduz a mágica e a criatividade do triângulo.

- Feminino/ Masculino
- Lunar/ Solar
- Yin/Yang;
- Passivo/ Ativo;
- Caverna/ Montanha;

O número três está intimamente ligado com essa forma, não há como ver um sem pensar no outro. Os ensinamentos místicos dizem que, se o Um representa 'força', o Dois representa 'abertura', então o Três (soma dos números anteriores) é 'o nascimento da sabedoria' - é o caminho para o conhecimento. Os antigos gregos viam o triângulo como um portal simbólico, resultante do entendimento da importância do equilíbrio para se alcançar a iluminação.



Diversas são as tríades frequentemente mencionadas nos ensinamentos esotéricos:

- Corpo, Mente e Espírito;
- Pai, Filho e Espírito Santo; 
- Donzela, Mãe e Anciã; 
- Passado, Presente e Futuro; 
- Mãe, Pai e Criança; 
- Mundos Superior, Intermediário e Inferior; 
- Nascimento, Morte e Transcendência; 
- Pensamento, Emoção e Sabedoria. 

A idéia é que o lado vertical represente um aspecto, o horizontal outro aspecto e a hipotenusa a resultante da combinação de ambos. Representa o poder (quase divino) da criação, o poder da evolução, o equilíbrio, a harmonia. Usando o último exemplo - o equilíbrio entre Pensamento e Emoção resulta em Sabedoria. 

No Feng Shui, representa o elemento fogo, a cor vermelha e o Verão. É dito que os pinheiros são as únicas árvores que sobrevivem aos invernos rigorosos por possuirem muita força vital - proveniente do elemento fogo - representado em sua copa triangular. Esse exemplo traduz a criatividade divina simbolizada tão bem pelo triângulo.




No paisagismo, costuma-se compor uma seleção de plantas em forma triangular a fim de se alcançar equilíbrio estético no jardim - ou piramidal, se pensarmos tridimensionalmente. Aliás, o equilíbrio estético nada mais é do que uma composição harmoniosa de energia - o resultado visual agradável é uma consequência. Costuma-se agrupar plantas, geralmente, em 3 ou em 5 unidades. Dê preferência a números ímpares em uma composição para resultados de maior impacto. O elemento vertical atua como uma âncora e deve ter maior destaque - os demais elementos devem ser de proporção pouco menor e não devem competir com a planta dominante, ao contrário, devem complementá-la. 


A pirâmide é uma forma curativa muito poderosa e aconselho sua introdução no jardim - seja em forma de objetos decorativos, no design, no agrupamento das plantas, na poda de topiárias ou até em estruturas maiores como gazebos e treliças - de preferência orientados seguindo os pontos cardeais. A efetividade de sua forma tem sido conhecida e utilizada há milênios, sendo as representações mais famosas as pirâmides de Gizé, no Egito - Quéops, Quefren e Miquerinos. Graças a sua forma, a energia é captada e direcionada, focada. Estruturas piramidais ajudam na fertilidade e promovem saúde geral no jardim - das plantas, animais e demais usuários do espaço. Cristais de quartzo em forma de pirâmide são amuletos poderosos e se posicionados em pontos de energia no jardim captam e amplificam as vibrações eletromagéticas, tornando-se fontes poderosas de energia vital. 






ESPIRAL
  • Equilíbrio; 
  • Evolução; 
  • Direção; 
  • Iniciação; 
  • Expansão; 
  • Conexão; 
  • Consciência, 
  • Desenvolvimento. 

A espiral é o símbolo que melhor representa o pensamento holístico - a consciência do Um dentro do contexto do Todo. A conectividade, a união do indivíduo com as energias cósmicas. A espiral é o símbolo do desprendimento, da liberação - que é alcançada quando temos confiança plena nas forças do Universo, que, acredite, proverá. Seu significado me lembra muito a Citrina - a pedra da abundância. Esse cristal promove a paz interior - pois apenas em tal situação a sabedoria emerge - ideal para pessoas que sentem a necessidade de ter o controle absoluto em qualquer situação. A Citrina e a espiral, ensinam que a vida deve ser levada com bom humor. 

Esse símbolo representa a conectividade com Deus, os estados alterados da consciência, a fonte misteriosa da inspiração. O constante movimento do Universo e dos astros, o infinito.







Espiritualmente, simboliza o caminho que percorremos na busca pela iluminação, semelhante à idéia do labirinto. O exterior representa preocupações supérfluas, materialismo, domínio do ego - aspectos que vão gradualmente diminuindo conforme avançamos para o interior da espiral. No centro encontramos a "recompensa cósmica" - a iluminação, o nirvana, o intangível. 


Em um jardim, podemos aplicar a espiral de diversas maneiras. Em forma de desenhos, mosaicos, esculturas, etc. Aqui fica a sugestão de um adorável canteiro de ervas: eficiente e muito democrático!

CANTEIRO DE ERVAS ESPIRAL

Geralmente ervas são todas plantadas juntas em um canteiro, portanto não têm suas necessidades particulares atendidas - há as que preferem muita água, as que preferem menos, as que preferem sol pleno, as de meia sombra. Para fazer esse canteiro de ervas, você precisa primeiro fazer um monte de terra de mais ou menos 1,5m de diâmetro. Demarque com pedras ou seixos o limite do canteiro, descendo em espiral. No final, é uma boa idéia ter um mini reservatório de água. Plante as ervas ricas em óleo e que gostem de sol pleno e pouca água no topo e no final as que gostam de umidade e sombra. Sugiro essa ordem, indo de cima para baixo: tomilho, sálvia, manjericão, alecrim, orégano, erva doce, salsinha, cebolinha, coentro e hortelã por último.



ASSOCIANDO FORMAS BÁSICAS 

A combinação das formas básicas deve ser feitas com cuidado, afim de se alcançar um resultado de agradável impacto tanto visual quanto psicológico. Não digo apenas do design em si - leve também em consideração a forma das plantas, das estruturas e demais elementos componentes do jardim. Todos devem interagir de forma harmoniosa.

Na simbologia chinesa, o círculo representa o Paraíso e o quadrado, a Terra. A associação dessas duas formas significa a união entre o Céu e a Terra. para Jung, o círculo é o arquétipo geométrico da psíque, enquanto o quadrado é o arquétipo do corpo. A associação dessas duas formas representa o equilíbrio entre a mente e o corpo. Ficou claro que trata-se de uma combinação muito auspiciosa e de significado profundo - tente incorporar ambas em seu jardim para um resultado transcendental.


Quando uma cruz é retratada inserida em um círculo, temos um poderoso resultado simbólico de inclusão e unificação religiosa. O círculo convida o observador a entrar, a fazer parte do sagrado que a cruz representa. Do mesmo modo que a associação do triângulo inserido em um círculo, convida o espectador a aventurar-se no mistério do misticismo, do oculto, do esoterico.


O Yin e Yang é resultado da associação de circulos de diferentes tamanhos, significando o equilíbrio, a totalidade, alcançada pela união dos opostos complementares. A repetição de uma mesma forma intensifica seu resultado e dá mais ênfase em sua simbologia individual. Neste caso, a repetição é utilizada com a intenção de relembrar o observador de que duas entidades opostas são análogas. Como Yin e Yang ensina, um pouco de um é encontrado no outro. 

No Feng Shui, a combinação de símbolos é mais complexa e devemos prestar muita atenção se a combinação das formas implica em um resultado destrutivo ou construtivo, afinal, cada uma está associada a um elemento em particular. 

Por exemplo, evite canteiros de plantas em forma circular, já que plantas são Madeira que é destruída pelo elemento Metal, simbolizado pelo círculo. Ao invés, opte por uma fonte de água em forma circular, já que Metal produz Água. Uma cerca viva podada em forma ondular (Água) tendo aos sus pés um canteiro retangular (Madeira) - ainda mais se localizada no setor Noroeste do jardim - é uma combinação muito harmoniosa. Luminárias para jardim são mais auspiciosas em formas triangulares ou retangulares, mas não devem ser feitas de metal. Aliás, triângulos e retângulos trabalham muito bem juntos.

Veddw House Garden no País de Gales, Reino Unido




Mães Cósmicas & Divindades da Terra



A figura da Mãe Natureza está presente em muitas e diversas culturas - essa figura benevolente, mas por vezes destruidora, é adorada e temida ainda nos dias de hoje.

As Mães Cósmicas e Divindades da Terra estão intimamentes ligadas ou em certos casos os dois aspectos estão presentes em uma só entidade, indicando a relação entre os ciclos cósmicos e sua influência direta na fertilidade da terra. Citamos como exemplo Deméter e sua filha Perséfone da mitologia grega, cuja história explica o surgimento das estações do ano. Quando a filha é obrigada a deixar a mãe e retornar ao Reino Subterrâneo, a grande deusa da fertilidade se recusa a fazer seu trabalho, afogada em tristeza, e o mundo sofre com a infertilidade do inverno. A beleza e a vida voltam a brotar na primavera, quando Perséfone tem a permissão de deixar temporariamente o reino de seu marido Hades e voltar aos braços da mãe.

Os Sabbats são ritos solares associados à agricultura e ciclos reprodutivos. São celebrados ao longo do ano tendo relação direta com os Solstícios e Equinócios, explicando também as estações do ano. Porém, a história envolve a Deusa (que assume papel de mãe e amante) e o Deus (que assume o papel de filho e amante). A Deusa dá a luz ao Deus no Solstício de Inverno; a Deusa se recupera; no Equinócio de Primavera o Deus amadurece; a Deusa engravida; no Solstício de Verão a terra está banhada por amor e fertilidade; o Deus começa a perder suas forças e a Deusa sofre; no Equinócio de Outono o Deus se prepara para deixar o corpo; o Deus morre e pouco depois renasce a partir da Deusa.     


Quando se trabalha diretamente com a terra, é de grande importância saber respeitar essa fonte criadora e curadora - sim, pois a terra tudo cura. Essa é a lição da tartaruga, segundo o xamanismo - o alerta para a necessidade de honrar a terra, dar e receber dela e à ela - pois a tartaruga é considerada a personificação da energia da Mãe Terra.

Aumente sua conexão com a Mãe Natureza lendo mais a respeito de suas infinitas manifestações em diversas culturas:

GAIA
Grécia Antiga

Gaia era a deusa da Terra na Grécia Antiga. Ela emergiu do caos primitivo do universo e desempenhou um papel essencial a criação da primeira raça de seres, os Titãs. Também foi mãe de diversas outras raças míticas, como a dos Ciclopes, a dos Hecatônquiros e a das Eumênides, deusas temíveis que puniam a tradição familiar.



DEVI (Uma, Sati, Parvati, Lakshmi, Durga, Kali, Gauri)
Índia

A palavra 'Devi' significa 'Deusa' e designa a principal divindade feminina no hinduísmo. Ela personifica todas as deusas: criativas e destrutivas, pacíficas e guerreiras. Sua característica mais importante é a de ser esposa do deus Shiva.

Assim como todas as deusas se juntam na figura de Devi, todos os poderes divinos, tanto masculinos quanto femininos, se unem no casamento de Shiva e sua esposa. As famosas matadoras de demônios, Kali e Durga, representam o lado destrutivo da esposa de Shiva; já a carinhosa e gentil Parvati é a sua contraparte benevolente. Devi pode ainda ser vista como consorte de Vishnu, e então é denominada Lakshmi, reinando como a deusa da riqueza que traz sorte. Na mão direita ela segura a alegria e a dor, na esquerda distribui a vida e a morte.


 

PACHAMAMA
Peru

Pachamama é a deusa-terra da região andina, cujo culto data da época do império Inca. Os agricultores erguiam pedras-altares no centro de seus campos em honra à Mãe-Terra e, com preces, pediam-lhe um solo fértil e boa colheita. Na área de Cuzco, quíchuas atuais veneram Pachamama como a deusa da Agricultura a viver no interior da Terra. Divindade essencialmente feminina, as mulheres chamam-na de 'companheira' em suas preces. Para os povos andinos, toda a paisagem é um ser vivo, dotado de poder sobrenatural, acessível em locais sagrados conhecidos como huacas.




HERA (ou JUNO)
Grécia e Roma Antigos

Hera, por ser a irmã e esposa de Zeus era a rainha do Monte Olimpo. Entre seus filhos estão os deuses Ares, Hefesto, Hermes, Apolo & Ártemis (gêmeos). Reverenciada pelas mulheres, era a protetora das esposas e tinha o dom da profecia.
Festivais comemorando sua união com Zeus eram frequentemente organizados na Grécia. Existia, entretanto, um lado ruim em sua personalidade: quando Zeus, Poseidon e Hades dividiram o universo, Hera foi deixada de lado pelo marido. Isso, somado aos muitos casos amorosos de Zeus, tornou-a rancorosa. Seu ciúme nutrido contra suas rivais e contra os filhos de Zeus com outras parceiras tornou-se seu traço dominante e contribuiu para alguns dos mais dramáticos episódios da mitologia grega. Hera participou da rebelião contra seu marido e, ressentida por ter perdido um concurso de beleza entre as deusas, provocou o conflito que culminaria com a Guerra de Tróia.



 BONA DEA
Roma Antiga

Importante deusa romana da terra, Bona Dea, a "boa deusa", é uma figura misteriosa que jamais teve seu nome revelado publicamente e era cultuada por mulheres em ritos secretos sem registros. Há muitas hipóteses quanto à sua identidade e é possível se tratar de uma das deusas da natureza, conhecidas sob outros nomes. Uma candidata é Maia, a deusa a quem era consagrado o mês de maio e associada a Vulcano. Outra é Ops, a deusa sabina da plenitude; esposa de Saturno, presidia as colheitas, o que a aproxima da terra e de sua abundância. A mais provável porém é a deusa Fauna, popular entre as mulheres, irmã e esposa de Fauno (deus dos pastores e um antigo e mítico rei de Lácio.
Seus devotos dizem que ela possui o dom da profecia e consideravam-na casta, tanto que seus ritos eram oficiados pelas virgens Vestais em cerimônias exclusivas a mulheres. Comumente cultuada num templo, honravam-na ainda com um festival anual. Bona Dea era evocada para promover saúde  castidade e fertilidade. Era popular entre os libertos e entre os escravos que esperavam um dia serem libertos.




CIBELE
Roma e Grécia Antigas:

A deusa Cibele é originária da Frígia (atual Turquia), e acredita-se que os gregos tenham adotado seu culto após a Guerra de Tróia. Reverenciada em todo o mundo grego e mais tarde também no romano, ficou conhecida como a Grande-Mãe. Seus sacerdotes, os Galos, castravam-se para servi-la.




CERES & PROSERPINA (Deméter & Perséfone)
Roma e Grécia Antigas:

Deusa da Terra e da vegetação, Ceres era uma primitiva divindade adotada pelos romanos. Ela e a filha Proserpina foram identificadas como as equivalentes gregas Deméter e Perséfone. Relata-se que foi Ceres quem ensinou a agricultura aos homens, fazendo o sol aquecer a terra para que as plantações crescessem e induzindo os bois a baixarem a cabeça para que os homens pudessem cangá-los e fazê-los puxar o arado. Na época da colheita e assistido só por mulheres, um festival honrava Ceres com oferendas de trigo.

A bela Proserpina tornou-se a deusa do Mundo Subterrâneo. Após ter sido raptada por Hades, foi forçada a descer ao reino das trevas e lá passar uma parte do ano; na outra subia à Terra para anunciar os meses de primavera e verão. Geralmente é retratada segurando um feixe de trigo, símbolo de sua importância para a colheita, ou uma tocha, símbolo de sua estadia no sombrio Mundo Subterrâneo. O mais renomado de todos os cultos a Perséfone era o que prestavam a ela e a sua mãe, nos Mistérios de Elêusis.




FRIGGA 
Nórdicos

Como filha e esposa de Odin, Frigga estava entre os deuses nórdicos mais poderosos. Era a deusa do céu, descrita como vestindo-se com roupas de nuvens, que escureciam quando ela se enfurecia. Era associada a casamento, amor, fertilidade, nascimento e vida familiar. Sentada ao lado de Odin, assim como ele, intervinha nas questões humanas, embora em geral tomasse partido contrário ao marido, sendo essa uma das fontes de conflito do casal.
Embora fosse a deusa do casamento, era amante dos dois irmãos de Odin, e há registros de que também se envolveu com um escravo. Seu relacionamento com o filho, Balder, era conturbado. Sua participação involuntária na trágica morte de Balder levou -a a enviar o irmão deste , Hermod, ao mundo subterrâneo para suplicar por perdão.



KWANNON (QUAN YIN na China)
Japão

Kwannon é a deusa da misericórdia, fonte de piedade. Originalmente, era um bodhisattva masculino (no budismo, um ser iluminado), Avalokitesvara, "Senhor que Observa em Piedade". Suspenso à beira do Nirvana, Avalokitesvara fora incapaz de ir além do mundo temporal, pois ainda havia dor a ser aliviada, e então se transformou numa deusa que redime e ampara. Assim, Kwannon é representada às vezes sob forma masculina; outras vezes como uma deusa de muitos braços, a "Kwannon das mil mãos" - e olhando para baixo, indicando que zela pelo mundo.





GEB
Egito Antigo

Geb era o deus da terra. Em geral, é representado deitado de costas, com o falo ereto, por ter sido separado à força de Nut, o céu. Ás vezes o pintam de verde, a cor da vegetação.

Louvado como o "senhor de milhões de anos", era filho de Shu, o deus do ar seco, e de Tefnut, a deusa do ar úmido. Geb, a terra seca, e sua irmã Nut, a vasta abóboda celeste, deram à luz os principais deuses egípcios: Osíris, Hórus, Cego, Set, Ísis, Néftis. Geb ainda foi o juiz das reivindicações dos rivais Set e Hórus pelo trono, disputa que favoreceu o último.

Inscrita numa estela do período ptolomaico, uma lenda conta que o pai de Geb, Shu, já fraco e doenteascendeu ao céu, após ter sido rei do Egito por muitos anos. Por nove dias, a escuridão cobriu o mundo e o vento uivava pela terra. Geb aproveitou a ocasião para ir ao palácio de Shu em Mênfis e violentar sua mãe, Tefnut, que cobiçava. Longe de ser punido pelo ser ato, ao cabo dos nove dias, Geb subiu ao trono do Egito, enquanto Shu ficou junto à Rá, o deus Sol.
Na mitologia, Geb distingue-se por ser um deus-Terra masculino. Em seu templo em Iunu (perto de Cairo), era cultuado como um deus bissexuado.



 NERTO
Germânicos

O historiador romano Tácito descreve a deusa Nerto como a Mãe-Terra. Ela seria a deusa das tribos de uma ilha báltica e apareceria entre o povo num carro puxada por vacas que ninguém além de seu sacerdote podiam tocar. Enquanto estava entre o povo, todos baixavam suas armas e a paz prevalecia. Depois, retornava a seu bosque, onde escravos lavavam seu carro e em seguida eram sacrificados para preservar seus segredos.

MOKOSH
Eslavos

A deusa pagã da terra, Mokosh sobreviveu na religião popular russa como a mat' syraia zemlia ("Mãe-Terra úmida"). Era a deusa da fertilidade e prosperidade, e respeitavam-na como a uma mãe. Associada também à tecelagem e à fiação, representavam-na em bordados tradicionais russos como uma figura feminina com os braços erguidos, ladeada por dois cavaleiros.



Descrição das divindades retirada do "Guia Ilustrado Zahar de Mitologia"