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sábado, 13 de julho de 2013

Perséfone: Rainha do Inverno ou Donzela da Primavera?


Já retratamos superficialmente o mito de Perséfone na postagem Mães Cósmicas e Divindades da Terra, cuja história explica o surgimento das estações do ano: quando ela é obrigada a deixar o Olimpo para retornar ao Reino Subterrâneo, a grande deusa da fertilidade (sua mãe, Deméter) se recusa a fazer seu trabalho - afogada em saudade da filha - e condena o mundo a infertilidade do inverno. A beleza e a vida voltam a brotar na primavera, quando Perséfone tem permissão de deixar temporariamente o reino de seu marido, Hades, e retornar aos braços da mãe.

O mito de Perséfone é uma elegante explicação sobre o ritmo cíclico da vida e como o microcosmo e o macrocosmo estão interligados intimamente. É possível traçar um paralelo entre o processo de individuação de Perséfone e a ideia do ciclo cósmico proposta pela milenar sabedoria hindu: Yugas são as quatro 'eras' (ouro, prata, estanho e ferro) pelo qual o mundo passa, caracterizadas pela aproximação e distanciamento da Essência Divina. De menina inocente à mulher sábia, de donzela da primavera à rainha do inverno, Perséfone é obrigada a enfrentar os aspectos mais sombrios de seu ser para renascer fortalecida  depois de descobrir o potencial divino dentro de si.    

Deixo que as belas palavras de Sílzen Furtado expliquem como este mito é utilizado na prática clínica:

"A prática da clínica psicoterápica é um espaço sagrado onde se revelam os padrões psíquicos mais profundos, estruturantes da alma humana. As diversas histórias que ali se derramam, com seus traumas e transformações, representam uma amostra do que há de mais singular nos indivíduos ao mesmo tempo em que apontam para os temas centrais da vida, os quais sempre foram citados pela mitologia de todas as épocas. Nos mitos os arquétipos se revelam em sua forma mais pura. Em cada enredo elaborado pela consciência dos homens de milênios atrás, com uma linguagem simbólica, típica do inconsciente, são contados os caminhos para a evolução da alma humana, os passos heróicos imprescindíveis para a iluminação da consciência, a trajetória do Ego na direção do Self. Cada mito aborda aspectos diferentes de uma mesma jornada, a única que é essencial a qualquer pessoa, o caminho de sua Individuação. O mito de Perséfone apresenta o tema da filha inocente raptada do mundo da mãe (Deméter) pelo deus dos subterrâneos (Hades). Conta o mito que Perséfone debruçou-se para colher uma flor de Narciso à beira de um precipício quando a terra se abriu e dela surgiu Hades, que a seqüestrou para o mundo das trevas. Sua mãe a procurou por vários dias até que ameaçou lançar a infertilidade sobre a terra se a filha não fosse encontrada. Com a interferência de Zeus, Hades concorda em devolvê-la à mãe, mas antes lhe oferece sementes de romã, que ela aceita, e por ter se alimentado naquele local ficaria eternamente vinculada ao mesmo. Perséfone então passa a viver quatro meses com Hades nos infernos e oito meses com a mãe no Olimpo. 

Fazendo uma tradução para uma abordagem contemporânea identificamos alguns mitemas trazidos por esta história e que podem ser observados na prática clínica. A iniciação no mito dá-se com um rapto, fazendo referência à forma como se inicia o contato com o inconsciente para quem possui a consciência impregnada pela inocência. Há pessoas que permanecem por longo tempo numa atitude fantasiosa com relação às questões decisivas da maturidade e são despertadas de modo violento (crises de pânico, sintomas físicos, perdas, acidentes...) para uma reflexão mais profunda sobre o caminho que tem percorrido até então. Atendi uma jovem mulher que se casou com um homem que pouco conhecia para depois reconhecer nele o "príncipe das trevas". Este homem encarnou e representou sua imagem de animus negativo, estruturada ao longo dos anos de convivência com um pai alcoolista, acrescida por ter sofrido abuso sexual de um tio na infância, e reforçada pelo final traumático e sem explicações de um namoro com o seu grande amor na adolescência. Para não deparar-se com a perda do sonho romântico, continuou a acreditar numa felicidade ingênua, sem esforço, vinculando-se a uma relação aparentemente feliz, mas que se configurou como as "sementes de romã" que a tornaram prisioneira de um mundo sombrio. A iniciação traumática ou mediante uma profunda crise na vida funciona geralmente como um chamado para iniciar conscientemente o processo de individuação, proposto por Carl Gustav Jung como o conceito central da Psicologia Analítica. O rapto pode ser visto simbolicamente como uma lesão infligida ao ego que precisa ser provocado para abdicar de seu controle exclusivo sobre o psiquismo, estimulando-o ao reconhecimento do centro maior, o Self. 

A descida inicialmente traumática é, entretanto, a chave para um vasto campo de descobertas interiores. O tema da descida ao inconsciente, seguida da ascensão vai transformando a ingênua Perséfone na grande "Senhora dos Infernos", mas não sem antes sofrer os períodos de pavor através do qual um psiquismo inocente é invadido pelo confronto com os conteúdos assustadores que estiveram durante longo tempo reprimidos. O temor dos conteúdos internos, o medo de enlouquecer, a culpa por ter "comido as romãs", a inabilidade de lidar com conteúdos tão afetivamente carregados, aprisionaram a psiquê da paciente durante ainda algum tempo num padrão infantil, o qual se manifestou como busca de proteção maternal da vida e dos outros. Ela manifestou durante meses o pânico das fantasias sombrias que a assaltaram, a insegurança em lidar com os afazeres do mundo adulto (trabalhar, assumir um lugar social, responder por seus atos...). Temia sempre uma punição qualquer, vinda de qualquer pessoa, quando na realidade projetava sobre o mundo e as pessoas os algozes interiores que começava a reconhecer como aspectos de sua sombra (o orgulho e o desejo de domínio escondidos sobre a capa da mulher frágil e desprotegida, a vaidade excessiva ocultada pelo perfeccionismo e pela exigência de ser a melhor em tudo o que fizesse). 

A psiquê infantil violentada pela iniciação brusca demora em se situar no mundo avernal. Acha-se inicialmente vítima do mal exterior encarnado na figura do marido para não identificar em si as "sementes" do mesmo mal que acusa no outro. A imaginação fértil, as intuições funestas, a relação direta com os sonhos, são os componentes deste mundo que inicialmente foram vistos como ameaçadores, pois revelaram seu padrão autopunitivo, persecutório, para redimir-se de uma profunda culpa inconsciente, responsável pela rede de armadilhas construída em torno de si mesma para expiar seus sofrimentos. A Perséfone imatura geralmente aparece sob a roupagem da vítima, da mártir, da incompreendida. Só depois, com o tempo e a maturidade conquistada pelo esforço na relação com o inconsciente, poderá entender melhor suas manifestações psíquicas, deixar de projetar no externo as raízes de seus males, e dirigir de maneira sábia a relação com os conteúdos do mundo avernal, fazendo das manifestações inconscientes, poderosos aliados. É preciso realizar completamente a dolorosa descida para ser capaz de subir e trazer para a superfície a sabedoria adquirida. Após o período de sofrimento Perséfone é libertada e é agraciada com o poder de circular tanto no Olimpo como no Hades, saber do céu e do inferno, penetrar as raízes da dor e descobrir o caminho da própria cura. A paciente começou a trazer para sua vida concreta os benefícios deste contato profícuo com o inconsciente. 


A sabedoria é resultado da construção de um mundo íntimo rico e fértil, que não é mais tratado como inimigo necessitado de mecanismos repressores. O arquétipo do Velho Sábio no inconsciente masculino e o da Grande Mãe no feminino orientam o desenvolvimento do ego na direção do Self. Acompanhar um paciente em psicoterapia analítica é identificar os caminhos apresentados por seu Self e revelar para sua consciência os símbolos genuinamente criados para direcionar a energia psíquica na trajetória da individuação. Deixar-se conduzir pelas diretrizes do Self, aprender a relacionar-se com o mundo subjetivo de si mesmo e estar conectado às próprias profundezas é ser guiado pelo propósito superior da individuação. Até alcançar este estágio de perfeita sintonia com o Self passamos, entretanto, por descidas e subidas cíclicas, recheadas de sofrimentos e vitórias, como retrata o mito. Nos ciclos de descida aos infernos nos conectamos inicialmente com os medos, a depressão, os aspectos infantis, os conteúdos instintivos. Subimos à consciência e vamos aprendendo a integrar tais aspectos na personalidade total. As descidas seguintes já vão perdendo seu caráter traumático, permitindo assim o vislumbrar da sabedoria resultante do mergulho nas próprias feridas, favorecendo então a percepção dos componentes criativos e ordenadores do psiquismo. É preciso resistir às dores iniciais para merecer penetrar os recantos mais transcendentes do ser. 

Ampliando a consciência sobre os aspectos antes desconhecidos de si mesma pôde utilizar adequadamente seus verdadeiros talentos, abandonar progressivamente o papel da vítima e assumir seu lugar como profissional, mãe, e mais do que isso, a legitimar a si mesma, recuperando a crença na forma própria de sentir e avaliar as situações vividas. O medo, a culpa, o discurso de vítima foram cedendo espaço para uma manifestação mais sincera de seus verdadeiros atributos inconscientes. Passou a perceber com maior respeito e consideração qualquer conteúdo que aflorava nos sonhos e nas fantasias, desenvolvendo um diálogo aberto com os mesmos. Abandonar o lugar de inferioridade antes habitado e colocar-se como pessoa ativa na construção do próprio destino é uma mudança que desafia o antigo padrão tão cultivado pela Perséfone menina. Despedir-se dos aspectos infantis e assumir o ônus da vida adulta, responsabilizando-se pela própria psiquê, assumindo seus deuses e monstros interiores é tarefa heróica que transforma a vítima assustada na Perséfone sábia."

domingo, 24 de março de 2013

Cura do Feminino



Certas plantas têm efeito beneficial no sistema reprodutivo das mulheres na sua habilidade de equilibrar hormônios. Plantas como o lúpulo, a erva doce e a sálvia contém substâncias semelhantes ao estrogênio, que regulam o ciclo menstrual e são muito úteis na menopausa, quando ele deixa de ser produzido.

Os sintomas causados pelo desequilíbrio hormonal podem ser desagradáveis como irritabilidade, depressão, cansaço, mudança do apetite sexual, entre outros. Reserve uma parte do seu jardim para as seguintes plantas, importantíssimas no alívio desses sintomas:

  • Reduzir irritabilidade: Lúpulo, lavanda e camomila;
  • Aliviar depressão: Sálvia;
  • Alterações de humor: Gerânio, alfazema;
  • Para aumentar a auto-estima: Jasmim e rosa;
  • Para retenção de água, inchaço: Sálvia, erva doce, cipreste e alecrim;
  • Cólicas: Anis estrelado, camomila, sálvia e lavanda;
  • Menstruação atrasada e desregulada: Canela, alecrim e rosa
  • Cansaço: Alecrim;
  • Insônia: Lavanda, lúpulo e camomila;
  • Aumentar desejo sexual: Segurelha, jasmim e rosa;
  • Tontura: Hortelã;
  • Melhorar concentração: Manjericão e hortelã
  • Ondas de calor: Camomila e gerânio.

Porém, a tensão pré-menstrual (que é tratada no Ocidente como doença) é uma manifestação de estado alterado de consciência resultante da biologia feminina - os hormônios femininos têm papel crucial nas habilidades de cura e profecia nas mulheres. Essa sensibilidade pode não ser agradável fisicamente mas é de extrema importância espiritualmente. As mulheres podem atingir estados místicos de consciência quando reconhecem que seus corpos e fluídos corporais são partes integrantes de sua espiritualidade e não um obstáculo a ela.


O contato com as plantas é um excelente modo de resgatar o Sagrado Feminino. A fertilidade, a beleza, a vida, os ciclos - honre sua natureza se mantendo sempre próxima à Mãe Terra. Permita que ela lhe ajude e traga a harmonia de volta à sua vida relembrando quem você realmente é, pois qualquer desequilíbrio é causado pelo distanciamento do seu verdadeiro Eu.

Medite sob Árvores Sagradas, peça conhecimento e compreensão - se for difícil encontrá-las na sua região, visualize-as! Relacionadas à diferentes aspectos do feminino aconselho a Tramazeira (feminino espiritual), a Macieira (fertilidade e beleza), o Salgueiro (emocional) e o Sabugueiro (a Velha Sábia, a Anciã). 

Leia mais também sobre as Mães Cósmicas & Divindades da Terra para entender a força da Deusa que existe dentro de si!


sexta-feira, 15 de março de 2013

Mães Cósmicas & Divindades da Terra



A figura da Mãe Natureza está presente em muitas e diversas culturas - essa figura benevolente, mas por vezes destruidora, é adorada e temida ainda nos dias de hoje.

As Mães Cósmicas e Divindades da Terra estão intimamentes ligadas ou em certos casos os dois aspectos estão presentes em uma só entidade, indicando a relação entre os ciclos cósmicos e sua influência direta na fertilidade da terra. Citamos como exemplo Deméter e sua filha Perséfone da mitologia grega, cuja história explica o surgimento das estações do ano. Quando a filha é obrigada a deixar a mãe e retornar ao Reino Subterrâneo, a grande deusa da fertilidade se recusa a fazer seu trabalho, afogada em tristeza, e o mundo sofre com a infertilidade do inverno. A beleza e a vida voltam a brotar na primavera, quando Perséfone tem a permissão de deixar temporariamente o reino de seu marido Hades e voltar aos braços da mãe.

Os Sabbats são ritos solares associados à agricultura e ciclos reprodutivos. São celebrados ao longo do ano tendo relação direta com os Solstícios e Equinócios, explicando também as estações do ano. Porém, a história envolve a Deusa (que assume papel de mãe e amante) e o Deus (que assume o papel de filho e amante). A Deusa dá a luz ao Deus no Solstício de Inverno; a Deusa se recupera; no Equinócio de Primavera o Deus amadurece; a Deusa engravida; no Solstício de Verão a terra está banhada por amor e fertilidade; o Deus começa a perder suas forças e a Deusa sofre; no Equinócio de Outono o Deus se prepara para deixar o corpo; o Deus morre e pouco depois renasce a partir da Deusa.     


Quando se trabalha diretamente com a terra, é de grande importância saber respeitar essa fonte criadora e curadora - sim, pois a terra tudo cura. Essa é a lição da tartaruga, segundo o xamanismo - o alerta para a necessidade de honrar a terra, dar e receber dela e à ela - pois a tartaruga é considerada a personificação da energia da Mãe Terra.

Aumente sua conexão com a Mãe Natureza lendo mais a respeito de suas infinitas manifestações em diversas culturas:

GAIA
Grécia Antiga

Gaia era a deusa da Terra na Grécia Antiga. Ela emergiu do caos primitivo do universo e desempenhou um papel essencial a criação da primeira raça de seres, os Titãs. Também foi mãe de diversas outras raças míticas, como a dos Ciclopes, a dos Hecatônquiros e a das Eumênides, deusas temíveis que puniam a tradição familiar.



DEVI (Uma, Sati, Parvati, Lakshmi, Durga, Kali, Gauri)
Índia

A palavra 'Devi' significa 'Deusa' e designa a principal divindade feminina no hinduísmo. Ela personifica todas as deusas: criativas e destrutivas, pacíficas e guerreiras. Sua característica mais importante é a de ser esposa do deus Shiva.

Assim como todas as deusas se juntam na figura de Devi, todos os poderes divinos, tanto masculinos quanto femininos, se unem no casamento de Shiva e sua esposa. As famosas matadoras de demônios, Kali e Durga, representam o lado destrutivo da esposa de Shiva; já a carinhosa e gentil Parvati é a sua contraparte benevolente. Devi pode ainda ser vista como consorte de Vishnu, e então é denominada Lakshmi, reinando como a deusa da riqueza que traz sorte. Na mão direita ela segura a alegria e a dor, na esquerda distribui a vida e a morte.


 

PACHAMAMA
Peru

Pachamama é a deusa-terra da região andina, cujo culto data da época do império Inca. Os agricultores erguiam pedras-altares no centro de seus campos em honra à Mãe-Terra e, com preces, pediam-lhe um solo fértil e boa colheita. Na área de Cuzco, quíchuas atuais veneram Pachamama como a deusa da Agricultura a viver no interior da Terra. Divindade essencialmente feminina, as mulheres chamam-na de 'companheira' em suas preces. Para os povos andinos, toda a paisagem é um ser vivo, dotado de poder sobrenatural, acessível em locais sagrados conhecidos como huacas.




HERA (ou JUNO)
Grécia e Roma Antigos

Hera, por ser a irmã e esposa de Zeus era a rainha do Monte Olimpo. Entre seus filhos estão os deuses Ares, Hefesto, Hermes, Apolo & Ártemis (gêmeos). Reverenciada pelas mulheres, era a protetora das esposas e tinha o dom da profecia.
Festivais comemorando sua união com Zeus eram frequentemente organizados na Grécia. Existia, entretanto, um lado ruim em sua personalidade: quando Zeus, Poseidon e Hades dividiram o universo, Hera foi deixada de lado pelo marido. Isso, somado aos muitos casos amorosos de Zeus, tornou-a rancorosa. Seu ciúme nutrido contra suas rivais e contra os filhos de Zeus com outras parceiras tornou-se seu traço dominante e contribuiu para alguns dos mais dramáticos episódios da mitologia grega. Hera participou da rebelião contra seu marido e, ressentida por ter perdido um concurso de beleza entre as deusas, provocou o conflito que culminaria com a Guerra de Tróia.



 BONA DEA
Roma Antiga

Importante deusa romana da terra, Bona Dea, a "boa deusa", é uma figura misteriosa que jamais teve seu nome revelado publicamente e era cultuada por mulheres em ritos secretos sem registros. Há muitas hipóteses quanto à sua identidade e é possível se tratar de uma das deusas da natureza, conhecidas sob outros nomes. Uma candidata é Maia, a deusa a quem era consagrado o mês de maio e associada a Vulcano. Outra é Ops, a deusa sabina da plenitude; esposa de Saturno, presidia as colheitas, o que a aproxima da terra e de sua abundância. A mais provável porém é a deusa Fauna, popular entre as mulheres, irmã e esposa de Fauno (deus dos pastores e um antigo e mítico rei de Lácio.
Seus devotos dizem que ela possui o dom da profecia e consideravam-na casta, tanto que seus ritos eram oficiados pelas virgens Vestais em cerimônias exclusivas a mulheres. Comumente cultuada num templo, honravam-na ainda com um festival anual. Bona Dea era evocada para promover saúde  castidade e fertilidade. Era popular entre os libertos e entre os escravos que esperavam um dia serem libertos.




CIBELE
Roma e Grécia Antigas:

A deusa Cibele é originária da Frígia (atual Turquia), e acredita-se que os gregos tenham adotado seu culto após a Guerra de Tróia. Reverenciada em todo o mundo grego e mais tarde também no romano, ficou conhecida como a Grande-Mãe. Seus sacerdotes, os Galos, castravam-se para servi-la.




CERES & PROSERPINA (Deméter & Perséfone)
Roma e Grécia Antigas:

Deusa da Terra e da vegetação, Ceres era uma primitiva divindade adotada pelos romanos. Ela e a filha Proserpina foram identificadas como as equivalentes gregas Deméter e Perséfone. Relata-se que foi Ceres quem ensinou a agricultura aos homens, fazendo o sol aquecer a terra para que as plantações crescessem e induzindo os bois a baixarem a cabeça para que os homens pudessem cangá-los e fazê-los puxar o arado. Na época da colheita e assistido só por mulheres, um festival honrava Ceres com oferendas de trigo.

A bela Proserpina tornou-se a deusa do Mundo Subterrâneo. Após ter sido raptada por Hades, foi forçada a descer ao reino das trevas e lá passar uma parte do ano; na outra subia à Terra para anunciar os meses de primavera e verão. Geralmente é retratada segurando um feixe de trigo, símbolo de sua importância para a colheita, ou uma tocha, símbolo de sua estadia no sombrio Mundo Subterrâneo. O mais renomado de todos os cultos a Perséfone era o que prestavam a ela e a sua mãe, nos Mistérios de Elêusis.




FRIGGA 
Nórdicos

Como filha e esposa de Odin, Frigga estava entre os deuses nórdicos mais poderosos. Era a deusa do céu, descrita como vestindo-se com roupas de nuvens, que escureciam quando ela se enfurecia. Era associada a casamento, amor, fertilidade, nascimento e vida familiar. Sentada ao lado de Odin, assim como ele, intervinha nas questões humanas, embora em geral tomasse partido contrário ao marido, sendo essa uma das fontes de conflito do casal.
Embora fosse a deusa do casamento, era amante dos dois irmãos de Odin, e há registros de que também se envolveu com um escravo. Seu relacionamento com o filho, Balder, era conturbado. Sua participação involuntária na trágica morte de Balder levou -a a enviar o irmão deste , Hermod, ao mundo subterrâneo para suplicar por perdão.



KWANNON (QUAN YIN na China)
Japão

Kwannon é a deusa da misericórdia, fonte de piedade. Originalmente, era um bodhisattva masculino (no budismo, um ser iluminado), Avalokitesvara, "Senhor que Observa em Piedade". Suspenso à beira do Nirvana, Avalokitesvara fora incapaz de ir além do mundo temporal, pois ainda havia dor a ser aliviada, e então se transformou numa deusa que redime e ampara. Assim, Kwannon é representada às vezes sob forma masculina; outras vezes como uma deusa de muitos braços, a "Kwannon das mil mãos" - e olhando para baixo, indicando que zela pelo mundo.





GEB
Egito Antigo

Geb era o deus da terra. Em geral, é representado deitado de costas, com o falo ereto, por ter sido separado à força de Nut, o céu. Ás vezes o pintam de verde, a cor da vegetação.

Louvado como o "senhor de milhões de anos", era filho de Shu, o deus do ar seco, e de Tefnut, a deusa do ar úmido. Geb, a terra seca, e sua irmã Nut, a vasta abóboda celeste, deram à luz os principais deuses egípcios: Osíris, Hórus, Cego, Set, Ísis, Néftis. Geb ainda foi o juiz das reivindicações dos rivais Set e Hórus pelo trono, disputa que favoreceu o último.

Inscrita numa estela do período ptolomaico, uma lenda conta que o pai de Geb, Shu, já fraco e doenteascendeu ao céu, após ter sido rei do Egito por muitos anos. Por nove dias, a escuridão cobriu o mundo e o vento uivava pela terra. Geb aproveitou a ocasião para ir ao palácio de Shu em Mênfis e violentar sua mãe, Tefnut, que cobiçava. Longe de ser punido pelo ser ato, ao cabo dos nove dias, Geb subiu ao trono do Egito, enquanto Shu ficou junto à Rá, o deus Sol.
Na mitologia, Geb distingue-se por ser um deus-Terra masculino. Em seu templo em Iunu (perto de Cairo), era cultuado como um deus bissexuado.



 NERTO
Germânicos

O historiador romano Tácito descreve a deusa Nerto como a Mãe-Terra. Ela seria a deusa das tribos de uma ilha báltica e apareceria entre o povo num carro puxada por vacas que ninguém além de seu sacerdote podiam tocar. Enquanto estava entre o povo, todos baixavam suas armas e a paz prevalecia. Depois, retornava a seu bosque, onde escravos lavavam seu carro e em seguida eram sacrificados para preservar seus segredos.

MOKOSH
Eslavos

A deusa pagã da terra, Mokosh sobreviveu na religião popular russa como a mat' syraia zemlia ("Mãe-Terra úmida"). Era a deusa da fertilidade e prosperidade, e respeitavam-na como a uma mãe. Associada também à tecelagem e à fiação, representavam-na em bordados tradicionais russos como uma figura feminina com os braços erguidos, ladeada por dois cavaleiros.



Descrição das divindades retirada do "Guia Ilustrado Zahar de Mitologia"


Entendendo os Ciclos Naturais



Se decidimos optar por uma vida saudável e equilibrada, é imprescindível nos adaptarmos e respeitarmos os ciclos da Natureza. A vida moderna exige que trabalhemos constantemente e esquecemos de ceder ao cansaço físico e mental - não é de surpreender que sofremos tanto de estresse e exaustão emocional.

A vida não é constante, nossos níveis de energia também não - harmonizando nosso ritmo de produção com o ritmo natural de nosso corpo e mente, levamos uma vida mais saudável, mais prazerosa e mais produtiva. Observe a instabilidade da Natureza - mudança de cores, do comportamento dos animais, dos astros, da temperatura, da umidade relativa do ar. Adaptação às mudanças é o segredo para uma vida equilibrada.

As cores da Natureza nos dão dicas de como nos comportar de acordo. Absorvemos a energia vital das cores através de nossos olhos e elas têm influencia direta em nossas funções corporais e metabolismo. Também absorvemos essa energia através de alimentos - ervas, frutas, legumes,  verduras, sementes, castanhas. É fundamental consumirmos alimentos da estação afim de disponibilizarmos ao corpo a energia correta relacionada com a sua necessidade metabólica do momento.


Vivemos em uma sociedade confusa - aprendemos a ignorar o movimento circular natural da vida. As pessoas têm dificuldade em aceitar o envelhecimento e tentam combatê-lo a todo custo - acredito que aceitar o ritmo cíclico é mais fácil entre as mulheres por ser muito mais óbvio no corpo e mente feminino do que masculino - ciclo menstrual, gestação, etc. Portanto, ao contrário do que a maioria das pessoas acreditam, vaidade excessiva é o distanciamento da essência feminina. 
  
Seguindo os ciclos da natureza, estamos mais preparados a aceitar e nos adaptar a mudanças em nossas vidas. Quando nos conectamos à Natureza, percebemos o ritmo cíclico da vida e aprendemos a ver beleza em cada fase de nossa jornada. 

[Outubro/2012]

quinta-feira, 14 de março de 2013

20) O Julgamento & O Sabugueiro


Sabugueiro (Sambucus canadensis)

Arcano Correspondente: O Julgamento, Arcano XX
Simbolismo: Transformação; Morte & Renascimento; Destino.

Freqüentemente plantado em cemitérios na Europa, o Sabugueiro é a árvore da anciã, a árvore da mulher sábia, que ajuda a nos conectar com os ciclos e ritmos da vida, facilitando mudanças - mesmo que drásticas e traumáticas.  O Sabugueiro é a mãe das árvores e nos conecta com nossa feminilidade e com a Grande Mãe. Ela nos faz a temível pergunta "E se morresses hoje?", ao mesmo tempo que demonstra a beleza e a necessidade da transformação. Associado ao planeta Vênus e o elemento Água.  

O Julgamento simboliza o despertar da consciência, a renovação de atitudes. Somos convocados a um estado superior, chamados para ingressar numa nova dimensão de percepção. O Julgamento é o estado ampliado de consciência, é o espírito retornando à origem. 

Propriedades medicinais: Todas suas partes são utilizadas - suas frutas e folhas são ricas em vitamina C, de suas folhas é extraído um excelente anti-inflamatório para dores de ouvido, o chá de suas flores é bom para inflamações na garganta e também pode ser usado como tônico para limpeza de pele. De suas frutas é feito corante, vinho, geléia, xaropes e vinagre.

Julgamento
tarô Waite-Smith (1910)

18) A Lua & O Salgueiro



Salgueiro (Salix alba)

Arcano Correspondente: A Lua, Arcano XVIII
Simbolismo: Ressonância; Harmonia; Imortalidade; Sentimentos.

 Essa árvore adorável tem sido, há muito tempo, usada como símbolo da tristeza e daqueles que foram esquecidos no amor. Sentar-se sob um Salgueiro lhe ajuda a liberar suas emoções reprimidas, aprender flexibilidade, superar ressentimento e amargura, sussurrando uma canção silenciosa em seu ouvido e lhe embalando suavemente como um bebê. Relacionado com a Lua e com o elemento Água.

A Lua também remete a emoções reprimidas e rancor. Simboliza o oculto, a inteligência instintiva, a ilusão e o medo. Assim como o Salgueiro, ela ensina que a dor pode ser uma mestra e importantes lições virão dela se você ousar confrontá-la.

Propriedades medicinais: A casca do Salgueiro contém ácido salicílico, usado para fazer aspirina - era comum as pessoas mascarem casca de salgueiro quando tinham dores de cabeça. A infusão feita de suas cascas também é bom para reumatismo e para baixar febre. Suas folhas podem ser utilizadas para tratar acne ou esfregadas no couro cabelo para combater caspa.

A Lua
tarô Waite-Smith (1910)

03) A Imperatriz & A Macieira


Macieira (Pirus malus)

Arcano Correspondente: A Imperatriz, Arcano III
Simbolismo:  Amor; Confiança; Fertilidade.

Quando reconhecemos que a macieira é o símbolo da fertilidade e do amor - associada com a deusa Afrodite - entendemos por que seu fruto foi utilizado na história de Adão e Eva para representar o sexo. A maçã nos ensina uma lição de amor, fé, generosidade e gratitude. Suas flores brancas simbolizam pureza, cura e imortalidade. Relacionada com o planeta Vênus e o Elemento Água.

A Imperatriz também representa a fertilidade, a concretização, a realização. Assim como a Macieira, representa o princípio feminino no sentido mundano em vez de cósmico. É a mãe generosa (Deméter) e a esposa dedicada (Hera) - é aquela que governa pelo Amor. 

Propriedades medicinais: Consuma maçã verde (não madura) descascada e ralada durante um ou dois dias para o alívio da diarréia. A maçã madura inteira possui efeito laxante e é um excelente desintoxicante. Maçã com mel é uma combinação poderosa e usada há anos no tratamento de problemas cardíacos. 

A Imperatriz
tarô Waite-Smith (1910)


02) A Papisa & A Tramazeira


Tramazeira (Sorbus aucuparia)

Arcano Correspondente: A Papisa, Arcano II
Simbolismo: Proteção; Inspiração; Meditação.

A tramazeira auxilia na meditação, limpando a mente e nos abrindo para receber inspiração. Sua essência auxilia no nosso contato com a Natureza, ampliando perspectivas e oferecendo uma compreensão mais profunda de nosso papel no Universo. Desperta a intuição e nos ajuda a dominar a mente. Para os celtas, simboliza os mistérios ocultos da Natureza. Na tradição escocesa, o uso de sua madeira sagrada é proibido em qualquer situação que não seja a de um ritual.

A Papisa também está profundamente relacionada ao mistério e ao oculto. Ambas inspiram o contato com o mundo espiritual, agindo como mediadoras de mundos e guardiãs. Abraçam a feminilidade sublime da Mãe Cósmica em sua pureza e solidez.

Propriedades medicinais: Seus frutos são ricos em vitamina C e são usados para fazer tônicos para o corpo. Seus frutos, quando bem maduros, são usados como laxante e diurético suaves.

A Papisa
tarô Waite-Smith (1910)