sábado, 16 de março de 2013

Simbolismo - Labirinto, Mandala & Jardim de Nó




LABIRINTOS 

A menção mais antiga ao labirinto foi encontrada esculpida nas paredes de cavernas da Sardínia e acredita-se que tenham sido feitas há mais de 4 000 anos.

Labirinto Hopi 
Os labirintos em sua forma mais antiga possuiam sete anéis na espiral, mas a  cultura cristã introduziu o modelo de onze anéis, representando os onze verdadeiros apóstolos.

Seu representante mais famoso é provavelmente o de Cnossos, Creta. Segundo a mitologia grega, foi construído por Dédalo para abrigar o terrível Minotauro, ser metade homem e metade touro. Mas há evidências de labirintos em todo o mundo - como os de Nazca no Peru, da Ilha de Wier na Finlândia, da tribo Hopi nos Estados Unidos - como mostra a imagem ao lado, que impressiona em sua semelhança com uma impressão digital!

O conceito do labirinto aplicado no jardim foi desenvolvido na França e Itália junto com os parterres e ganharam popularidade na Inglaterra na mesma época que os Jardins de Nó.

Em inglês, duas palavras são usadas para descrevê-lo: o "Maze" é um labirinto onde a intenção é chegar ao centro, porém, seu caminho multicursal confunde e desorienta. O "Labyrinth" é uma forma regular - geralmente uma variação da espiral - que segue um só curso e o usuário chega ao centro simplesmente seguindo o caminho.

Labirinto Espiral Passo-a-Passo:

Música: 'When Sailors Die', Aidan Baker

O labirinto se tornou símbolo da tortuosa jornada da vida, da jornada da alma da escuridão em direção à luz ou ainda das distrações e tentações mundanas que impedem a alma de seguir seu curso em busca da verdade e do conhecimento. O labirinto é a Ordem a partir do Caos - um padrão organizado de comportamento dentro de um sistema aparentemente aleatório. Se desenrolarmos um labirinto, ele não é nada mais do que um caminho em linha reta.


É uma poderosa ferramenta meditativa para aquele que percorre seu caminho, acalmando e equilibrando a psíque, assim como a Mandala.

Adota o simbolismo da combinação do círculo com a espiral - a totalidade, a inclusão com a transformação, o transcendental. No jardim, pode ser feito tanto de cercas vivas altas e densas quanto grama a nível do chão.

"Você está andando no labirinto da vida. Sim, você está destinado a se mover para frente, mas quase nunca em linha reta. Sim, há um elemento de conquista, de início e término, mas que são pequenos em comparação com o elemento do presente, do estar aqui, agora. Nos momentos em que você parar de tentar conquistar o labirinto da vida e simplesmente habitá-lo, você vai perceber que ele foi projetado para mantê-lo seguro mesmo quando explora uma parte que parece perigosa. Você vai ver que está exatamente onde deveria estar, serpenteando por um caminho espiral que pretende levá-lo não para a frente, mas para dentro." - Martha Beck

MANDALAS 

Mandalas são utilizadas como ferramenta de meditação e contemplação. Consistem em uma série de formas geométricas repetidas, direcionando o olhar (e a mente) para seu centro, que simboliza o centro do Universo. Aliás, o motivo concêntrico é característico da experiência visionária - somos induzidos a seguir em direção a um centro, como quem atravessa um túnel, deixando a realidade ordinária para ingressar na realidade extraordinária.

As autênticas mandalas orientais chamam-se Yantras. Nelas se utilizam apenas as formas geométricas básicas - triângulo, círculo e quadrado - desprovida de qualquer representação iconográfica.

Mandalas parecem complexas, mas são na realidade muito simples de fazer. Desligue sua mente e deixe que o coração guie suas mãos:

Mandala Passo-a-Passo

Se você estiver se sentindo inseguro para começar, apresento a seguir instruções para a elaboração de sua própria mandala e um vídeo para ser usado de exemplo. Mas lembre-se de que se trata de uma atividade espontânea, intuitiva e criativa - portanto, não há regras!

Música: 'Micro Cosmos', Kitaro

1º Passo) Recomendo que utilize um papel quadrado ao invés de um retangular para ficar mais fácil de seguir a simetria. O tamanho do papel não importa, pode ser tão grande ou tão pequeno quanto quiser. Marque um ponto bem no centro da folha, está será sua semente, a partir da qual sua mandala irá crescer. 

2º Passo) Usando um compasso, faça um círculo não muito distante do centro. Faça outros círculos de circunferência maior, eles podem ser equidistantes se preferir. Esses círculos serão os limites das "camadas" da sua mandala; 

3º Passo) Divida esse círculo em quantas partes quiser (três, quatro, cinco, seis...). Essas linhas irão apenas lhe auxiliar conforme for desenhando e serão apagadas depois, então faça-as bem de leve. No vídeo, minha mandala foi dividida em quatro partes;

4º Passo) Agora você pode começar a introduzir as formas. Use canetas coloridas, lápis, giz de cera, o que quiser. Você pode se prender às formas básicas ou introduzir outras formas, como gotas, estrelas, espirais, pétalas, etc. O segredo é repetir a forma em cada segmento - faça-as com calma, para que fiquem bem idênticas. Se achar necessário, use mais linhas auxiliares. 

5º Passo) Siga adiante com calma. Uma dica importante é: vire a folha conforme for compondo os segmentos. Se estiver fazendo uma mandala fixa no chão, mova-se ao redor dela. Aplique cores se desejar. E está pronta!

A mandala apresentada virou objeto decorativo - usei tinta acrílica sobre MDF 

Podem ser introduzidas no jardim como elemento permanente ou temporário - em forma de canteiro de flores, canteiro de ervas, horta ou feita de mosaico, pintura, vitral, areia colorida, pedras coloridas, cristais, espelhos, conchas - use sua imaginação!

JARDIM DE NÓ INGLÊS

No final do século XV, a influência dos jardins italianos renascentistas começaram a se espalhar, especialmente na França. A implantação de canteiros geométricos imensos foi aperfeiçoado pelos franceses - que fizeram uso de intrincados geométricos mais complexos - e chamado de "parterre". 

Orangerie - Château de Versailles

A moda dos parterres chegaram na Inglaterra nos séculos XVI e XVII, que por sua vez, re-inventaram os padrões implantando os nós tradicionais da cultura celta. Com influência dos jardins medievais, os jardins de nó eram menores e a combinação da borda retangular com o nó celta significa a celebração da humanidade, tema muito comum no jardim medieval. 

Os nós celtas originais representavam o infinito, o ritmo cíclico da vida. Aplicados nos jardins do século XVI, significava o tortuoso caminho que os cristãos devem percorrer para encontrar a Salvação. Mas os nós também possuiam significado romântico, representando a união matrimonial, onde a inicial dos amantes entrelaçados pelo nó compunha o design do jardim. 


Eram geralmente locados a vista da janela dos quartos de hóspedes das grandes mansões, afim de serem apreciados de cima. É basicamente composto de arbustos formalmente podados e seu interior preenchido com areia ou seixos, podendo ou não conter flores ou topiárias, dependendo da altura dos arbustos (que geralmente não passavam de 60cm) e do tamanho do jardim. 


O buxinho (Buxus sempervirens) era a espécie mais utilizada. A combinação de duas espécies também era comum para contraste e efeito tridimensional - a Santolina (Santolina chamaecyparissus) também era muito utilizada, assim como a Lavanda (Lavandula angustifolia) e o Alecrim (Rosmarinus officinalis). 

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