"Enquanto não morreres e não tornares a levantar-te
serás um estranho para a terra escura." - Goethe
O Abrunheiro já foi citado anteriormente, quando tracei paralelos entre esta Árvore Sagrada e o Arcano XIII do tarô, A Morte. Hoje é um dia propício para reavivarmos e nos aprofundarmos na sua lição sobre a Vida-Morte-Vida.
Vamos nos localizar no ciclo cósmico: estamos entre o Equinócio de Outono (20 de Março) e o Solstício de Inverno (21 de Junho) - um período de resguardo prevendo o período de infertilidade que se seguirá. A Ceifadora já fez seu trabalho e os campos jazem vazios em luto. O clima hostil do inverno induz à introspecção, quando finalmente paramos para assimilar as experiências do ano que se passou.
O Abrunheiro perde suas folhas no Outono e revela um corpo retorcido pelas dores da experiência. Mesmo vulnerável, ele nos abriga em segurança entre seus espinhos negros e nos conforta com a doçura de suas frutas. Representa a receptividade da Mãe Divina em seu aspecto destrutivo - Hécate, Kali, Durga, Lilith, Sekhmet, etc - que desperta em nosso interior o medo atávico da Morte. Voltamos ao ventre negro, - onde a ilusão da realidade física termina e é substituído pela consciência da eternidade - hibernamos e lá morremos. Voltamos para casa.
O Escaravelho Sagrado |
O Espírito tem como único objetivo voltar para casa. O retorno à origem acontece mais obviamente na morte literal, mas a lição do Abrunheiro atenta para o processo em nível simbólico, iniciático. Trata-se da morte da personalidade, quando o indivíduo deixa de se identificar com o si a fim de entender o real significado do Eu. As personalidades que se manifestam ao decorrer da nossa vida não passam de tentativas de entrar em sintonia com o ritmo Divino.
Enfraquecer sua identificação com o corpo e com a personalidade é um passo fundamental para voltar à Origem, a morada das oportunidades não-manifestas - onde a liberdade reina suprema e as possibilidades são infinitas. O Todo é Infinito, portanto tudo que for finito não pode ser o Todo. O Espírito é infinito, o corpo e a personalidade não.
O Abrunheiro e o arquétipo representado pelo Arcano XIII, a Morte, ensinam a lição do desapego das personalidades na tortuosa jornada da Vida. Ensina que o que consideramos 'errado' agora, um dia já foi 'certo' - é perdoar as experiências do passado reconhecendo a lição sagrada que cada uma traz. Nossa Individualidade se manifesta através da evolução da personalidade até ficar o mais próximo possível do Eu Sagrado. Os erros e defeitos nos distanciam do Espírito, por isso são pistas importantes de como se aproximar Dele.
O Abrunheiro e o arquétipo representado pelo Arcano XIII, a Morte, ensinam a lição do desapego das personalidades na tortuosa jornada da Vida. Ensina que o que consideramos 'errado' agora, um dia já foi 'certo' - é perdoar as experiências do passado reconhecendo a lição sagrada que cada uma traz. Nossa Individualidade se manifesta através da evolução da personalidade até ficar o mais próximo possível do Eu Sagrado. Os erros e defeitos nos distanciam do Espírito, por isso são pistas importantes de como se aproximar Dele.
O Ego mora na necessidade de se prender a uma personalidade porque não aceita o fato do Eu não poder ser racionalizado. Ele rebaixa e limita a imensidão do Eu porque não o compreende. O Abrunheiro desmascarou o Ego e o Ego demonizou o Abrunheiro. Se fosse gente em vez de árvore, teria queimado na fogueira da Inquisição.
A Vida dá lugar a Morte, que dá lugar a uma Vida superior (no sentido evolutivo). O Abrunheiro corta as amarras do passado com seus espinhos afiados e nos abre para a possibilidade Infinta que é o Futuro - tão imaculado quanto suas flores brancas.
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