domingo, 14 de julho de 2013

Breve Reflexão Sobre a Loucura - parte I



Breve Reflexão sobre a Loucura - parte I
Loucura ou Genialidade?

Para entender como o jardim pode ser utilizado como instrumento curativo, é preciso compreender o que está sendo curado. Mas afinal, o que a terapia se propõe a curar? Trata-se de uma questão muito delicada e apresento a seguir meu ponto de vista pessoal.

Vamos considerar a seguinte resposta: se propõe a curar qualquer anormalidade no comportamento do indivíduo. Mas eu pergunto - o que é a normalidade? Quem define tais parâmetros? Consideramos a inadequação do indivíduo na sociedade ou a inedequação da sociedade no indivíduo? Acabamos com mais dúvidas do que soluções.

Com uma abordagem holística da situação, identifico um problema cíclico e não linear: acredito que as necessidades irracionais de um indivíduo são consequencia direta da influência de uma sociedade disfuncional, que por sua vez, é resultado das necessidades irracionais do indivíduo. O padrão ideal de comportamento é baseado numa sociedade utópica, o que não reflete nossa realidade atual. Estamos tão condicionados a atuar no papel de cidadão perfeito que reprimimos nossas feridas emocionais a todo custo para exibir ao mundo uma fachada que julgamos aceitável. Essa atitude nos faz perder nossa identidade e nos afasta ainda mais de nosso verdadeiro Eu - é justamente neste distanciamento que surgem os distúrbios, transtornos e desequilíbrios mentais.

Portanto, acredito que o transtorno não é a doença em si, mas o sintoma de um problema ainda maior. Certas situações agem como gatilhos para nossas feridas emocionais e reações específicas irão imergir como consequência natural. O psiquiatra escocês R. D. Laing diz que 'transtornos mentais são uma resposta normal a um mundo louco'. Enquanto as feridas emocionais não forem identificadas e cicatrizadas corretamente, o indivíduo continuará a repetir o padrão de comportamento que tem lhe causado problemas e do qual ele quer tanto se livrar. Superar um comportamento problemático - por quê? Para quem? Ás vezes transtornos mentais soam como uma metáfora para mal comportamento.   

É esperado de nós o sacrifício de nossa autenticidade e o não-conformismo é punido com exclusão social, por mais genial e por mais contribuições que o indivíduo tenha feito para a própria sociedade que o exclui. Os que contribuem 'positivamente' chamamos gênios, os que contribuem 'negativamente', chamamos loucos - desconsiderada a polaridade que os colocam em posições opostas, genialidade e loucura são idênticas em essência.

Portanto, o objetivo da terapia envolvendo o jardim é a reintegração do indivíduo na Natureza. É fazê-lo abraçar suas particularidades, entendendo que a realidade de um é diferente da realidade do outro e que isso torna o mundo um lugar interessante. Não é mudar o padrão de comportamento fazendo uso de técnicas de condicionamento, é aceitar as feridas como contribuintes essenciais para a formação de sua história de vida, resultando na aceitação pessoal e fortalecimento do indivíduo. É valorizar o mundo interior de cada um como preciosa fonte de criatividade e aperfeiçoá-lo, visando uma relação harmoniosa consigo mesmo (a relação harmoniosa com a sociedade segue como  consequência). 

A loucura é a potência criativa mal canalizada e não deve ser tratada como doença, e sim como caminho para o crescimento pessoal em direção à genialidade. Não há mal que não se cure com o auto-conhecimento.


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